sábado, 2 de agosto de 2008

Pesquisa do IBASE destrói mitos construídos contra o Bolsa Família

A revista CartaCapital (02/07/09) produziu excelente reportagem especial sobre o programa Bolsa Família. Nem tudo está perdido na mídia nacional. O jornalista Phydia de Athayde se baseou numa pesquisa do respeitável Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE) para destruir sete principais mitos construídos pela mídia, pelos políticos conservadores ou por simples burrice mesmo.
PRIMEIRO MITO: “Não existe fome no Brasil”. Errado. Existe fome no Brasil, embora tenha havido avanços. Os indicadores foram aperfeiçoados. Agora existe a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar que determina se a situação é grave, como fome entre adultos e/ou crianças da família pesquisada, se a fome é moderada, com restrições na quantidade de alimentos, se a fome é leve, persistindo o receio de faltar comida. No Brasil há 6,1 milhões de lares em situação de insegurança alimentar, ou seja, 30 milhões de brasileiros.
SEGUNDO MITO: “O Bolsa Família não chega a quem precisa”. Errado. O programa atinge os mais pobres, mas não a todos, são 11,1 milhões de famílias, ou seja, 50 milhões de pessoas. Há dificuldades em atingir grupos vulneráveis, invisíveis, com endereço precário, alguns submetidos a trabalho escravo, há indígenas e quilombolas.
TERCEIRO MITO: “O programa é assistencialista”. Errado. Assistência Social é uma coisa, direito do cidadão, já o assistencialismo visa a tirar proveito político e eternizar a dependência. Há muito cinismo e desprezo quando ao direito à assistência do Estado. O Bolsa Família é uma política de Estado, regida por lei. Há contrapartidas, como a obrigação de vacinar e manter os filhos na escola. O Bolsa Família cria vínculos da população com o Estado e destrói a relação de dependência com políticos.
QUARTO MITO: “Receber o Bolsa Família acomoda”. Errado. O suposto efeito preguiça é a crítica mais costumeira do senso-comum. Os números desmentem esse argumento ideológico: 99,5% dos pesquisados não deixaram de trabalhar ou de gerar renda de alguma forma depois que passaram a receber o Bolsa Família. Apenas 0,5% deixaram suas ocupações, mas, destes, a maioria era submetida a trabalhos degradantes, como os cortadores de cana. Nestes casos, deixar o trabalho indigno é uma conquista da cidadania.
QUINTO MITO: “O pobre não sabe usar o dinheiro”. Errado. No Nordeste, 91% dos beneficiados usam o dinheiro para alimentação. No sul o percentual cai para 73%. O restante vai para material escolar, vestuário, remédios, gás, luz, água e tratamento médico. A alimentação consome 56% da renda total das famílias. Nas famílias que já têm o básico (feijão, arroz, açúcar, leite, óleos, ovos etc) o Bolsa Família permitiu acesso a complementos alimentares como frutas, verduras, carne e industrializados. A pesquisa do Ibase quantifica tudo isso. As mães disseram aos pesquisadores que elas gostam de oferecer “lanches” aos filhos, como biscoito e iogurte. Elas sabem, sim, usar muito bem o dinheiro.
SEXTO MITO: “O Bolsa Família acaba com a pobreza”. Errado. O programa é bem-sucedido no que se propõe, mas tem um limite. Não acaba com a pobreza. A simples transferência de renda não resolve os problemas sociais. O Bolsa Família alivia a pobreza imediata, reduz a pobreza nas gerações seguintes e precisa integrar-se a outras alternativas de desenvolvimento, a exemplo do Programa de Aquisição de Alimentos, Agricultura Familiar, Pronaf, Territórios da Cidadania, Brasil Alfabetizado, cursos de capacitação e acesso ao crédito. Ou seja, é preciso executar políticas públicas integradas para acabar com a pobreza.
SÉTIMO MITO: “O Bolsa Família é eleitoreiro”. Errado. Esse argumento é sempre usado pela oposição ao Governo Lula. A chiadeira é maior nos grotões tradicionalmente controlados pela elite financeira local. O preconceito, a má vontade e as críticas superficiais têm uma razão de ser. Nas últimas três eleições municipais (1996, 2000 e 2004) verificou-se um avanço dos partidos de esquerda e um recuo dos partidos de direita. Tem sido o efeito eleitoral do afastamento do intermediário local entre o eleitor e o Estado.

Fonte: http://bahiadefato.blogspot.com/2008/07/pe

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